O antigo vice-presidente da FNLA, no mandato de Ngola Kabangu( 2006-2008), Nimi- A-Simbi, acusou o actual presidente desta força política, Lucas Ngonda, de desrespeitar os estatutos e prolongar a crise interna no partido.
POR: Neusa Filipe
Nimi-A-Simbi reagia a este jornal à expulsão de quatro membros do Comité Central da FNLA, decisão tomada no final do Congresso extraordinário realizado na cidade do Huambo de 25 a 28 deste mês. Trata-se de Tristão Ernesto, Ndonda Nzinga, João Lombo e Fernando Pedro Gomes, este último eleito como o novo presidente da FNLA num outro Congresso extraordinário realizado em Luanda de 20 a 21 deste mês, convocado por membros do Comité Central.
Este grupo foi coordenado por Ndonda Nzinga e coadjuvado por Laiz Eduardo, o primeiro delfim de Ngola Kabangu, e o segundo de Lucas Ngonda. Nimi-A-Simbi desabafou dizendo que a expulsão destes membros não vai resolver o crónico problema de crise interna que o partido vive há 20 anos. O político lamentou que a única coisa que restou de um partido como a FNLA, de grande dimensão histórica, são os seus militantes reclamando constantemente da gestão de Lucas Ngonda. “Eu conheço Lucas Ngonda desde o tempo em que ele era secretário para a informação do partido. Garanto-vos que ele não respeitou as normas para a realização desse Congresso”, disse Nimi-A-Simbi.
Redução de membros
No que concerne à redução do número de membros do Comité Central de 411 para 221 e a extinção do cargo de vice-presidente do partido, Nimi-A-Simbi informou que o referido Congresso não foi realizado para a renovação de mandatos, razão pela qual alegou que não se podia reduzir o número de membros do Comité Central. Segundo o político, tais membros devem continuar até terminar o mandato que lhes foi confiado no Congresso passado. “A FNLA entrou numa lógica de desordem onde cada um faz o que quer sem respeitar os estatutos do partido. O próprio Lucas participou na elaboração dos estatutos, mas não os respeita”, reiterou.
Fuga ao diálogo
A fonte apontou o diálogo como sendo a única via para se encontrar a solução e ultrapassar os problemas que o partido vive, mas, segundo ele, nunca teve respaldo por parte de Lucas Ngonda.
Acções do Tribunal Constitucional
Relativamente aos acórdãos que têm sido emitidos pelo Tribunal Constitucional(TC), Nimi- A-Simbi referiu que aquele órgão jurisdicional deve, antes de tomar qualquer decisão que favoreça Lucas Ngonda, analisar de forma profunda o que está na base dos conflitos dentro da FNLA. Acrescentou que o TC não tem ajudado em nada para a resolução desses conflitos, alegando que as suas “decisões são mecânicas e injustas”. “Eu conheço bem os meandros dessa crise na FNLA, o Tribunal Constitucional nunca analisou profundamente essa questão. Ele errou ao dar poder ao Lucas Ngonda”, concluiu.