17 MIL MORTES EM NOVE ANOS NAS ESTRADAS DO PAÍS

17 MIL MORTES EM NOVE ANOS NAS ESTRADAS DO PAÍS

Os dados são referentes ao período 2008/2017, ontem apresentados, em Luanda, na primeira sessão anual do Conselho Nacional de Viação e Ordenamento do Trânsito

POR: Domingos Bento

O país registou, nos últimos nove anos, a morte de 17 mil pessoas e 136 mil feridos em consequência de 140 mil acidentes de viação ocorridos nas principais Estradas Nacionais, revelou o director Nacional da Viação e Transito (DNVT), Conceição Gomes. Entre os 136 mil feridos, segundo o comissário, que falava à impressa à margem da primeira sessão anual do Conselho Nacional de Viação e Ordenamento do Trânsito, muitos ficaram com sequelas profundas, que poderão durar para o resto da vida.

Conceição Gomes disse que o ano de 2012 foi o que registou o mais elevado número de casos, com uma taxa de 4 mil e 500 mortes e 16 mil feridos causados por 17 mil acidentes rodoviários. Segundo o comissário, a inobservância das regras de trânsito por parte dos utentes da via, o estado das Estradas Nacionais (EN) e o défice de sinalização em alguns troços estiveram na base dessas ocorrências que deixaram milhares de famílias órfãs e “o país mais pobre com muitos dos seus filhos, que ainda tinham muito para prestar, a partirem de forma prematura”.

Conceição Gomes apontou as EN 100 e 230 como as que inspiram mais preocupações, pelo facto de registarem o maior volume dos casos, pelo que, aponta a necessidade de uma intervenção profunda, quer em termos do seu tapete asfáltico, como na sensibilização dos utentes, visando reduzir, nos próximos anos, as elevadas taxas. “De maneira geral, todos os troços nos preocupam. Mas estes dois troços têm vindo a registar muitos acidentes. A combinação de estradas velhas e novas cria embaraços à circulação rodoviária devido àqueles que ainda conduzem em alta velocidade e sem respeito pela sinalização.

E isso tem criado muitos acidentes”, frisou. Apesar de os números serem ainda bastante elevados, o director da DNVT esclareceu que, em comparação com os anos anteriores, houve uma redução em 50 por cento dos casos, quer em termos de mortes, como em feridos e de acidentes. Explicou que esta redução regista- se desde 2014, quando o pico da sinistralidade foi baixando significativamente. Todavia, Conceição Gomes assegurou que a situação continua preocupante e grave porque, para além da sinistralidade rodoviária constituir a segunda causa de mortes no país, é a primeira causa de traumatismos e da invalidadez de milhares de cidadãos.

Problema da sociedade, não das instituições

Diante esta situação, o director da DNVT adiantou que estão a ser traçadas estratégias e uma série de acções que nos próximos quatro anos vão permitir uma redução de casos desta natureza. Detalhou que as acções prendem- se com a reparação dos troços por parte do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), o melhoramento da iluminação e a actualização dos sinais de trânsito que serão adequados e harmonizados com os demais países da região da SADC. “Vamos desenvolver uma série de acções com o envolvimento de todos os departamentos ministeriais membros do Conselho Nacional de Viação e Ordenamento do Trânsito”, garantiu. Acrescentou que “vamos igualmente juntar, nas nossas acções, os próprios cidadãos e a sociedade civil, porque o problema da sinistralidade rodoviária não é um problema institucional, é um problema nacional, em que todos devem contribuir para uma boa convivência no ambiente rodoviário”.