Custam três 100 Kz. É uma camisinha de fácil identificação, por ter a embalagem do tipo militar, e a publicidade de quem zunga tem facilitado o processo de compra, quando diz “evita problema, só 100 Kz”.
O baixo custo chama a atenção de quem passa pelas pontes, paragens de táxi, entradas de mercados, bem como estradas mais engarrafadas de Luanda, e vê-se obrigado a comprar, uma vez que fica mais caro obter o mesmo produto em locais habituais, como as farmácias, lojas de conveniência ou supermercados.
José Victorino vende estas camisinhas na via pública, aproveitando o engarrafamento que quase todos os dias se regista na via do mercado do Hoji-ya-Henda, no São Paulo. A sua venda só tem sido possível porque muitos dos clientes reclamam dos preços dos preservativos vendidos em farmácias.
“Aqui é barato. Esta fila de três preservativos vendemos a 100 Kz. A venda tem sido boa, sem nenhum sobressalto. Diariamente chego a vender 30 camisinhas. Em cada caixa, que custa 1.500 Kz, chego a lucrar 2.500 Kz”, disse, José Victorino, que é vendedor ambulante há 5 anos.
A camisinha em questão, como explicou, é chamada de “evita problema” pelo facto de “o país não estar em condições para se fazer muitos filhos”, no caso daqueles que não usam o preservativo como contraceptivo. “Não adianta engravidar, porque as coisas estão muito caras, o país está em crise e o Coronavírus não está a ajudar”, sublinhou.
A conversa com a nossa equipa de reportagem não foi fácil, porque tanto José quanto o nosso segundo entrevistado, citado mais abaixo, mostraram-se com medo de que fôssemos polícias ou agentes da fiscalização. O receio era tanto que, se não fosse a nossa câmara fotográfica, os mesmos não dariam entrevistas só com a identificação de que éramos jornalistas.
Vendem o que é proibido vender
Aquela reacção não foi apenas manifestada pelo facto de estarem a vender na rua, mas também por saberem que estão a comercializar um produto que, a princípio, não devia ser vendido, uma vez que está estampado na parte frontal do preservativo as palavras “Venda Proibida”.
É de venda proibida porque tal preservativo provém das Forças Armadas Angolanas, da unidade de saúde, e devia ser entregue de forma gratuita, no âmbito das campanhas de prevenção e combate ao VIH-SIDA.
“Vendo porque eu também compro”, disse, Alberto Praia, de 33 anos, outro vendedor com o qual conversamos, com um ano de venda, no Mercado do São Paulo. Este entrevistado, bem como o primeiro, foram unânimes em dizer que compram as caixas de camisinhas no Mercado dos Kwanzas, ao preço de 1.500 Kz, e que em cada uma delas lucram 2.500kz.
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