Pelo menos 65 a 70 mil hectares de terras aráveis estão sub-aproveitados no município do Cuvango, província da Huíla, e a administração local do Estado procura por investidores para rentabilizá-los
Essas terras banhadas por mais de 290 quilómetros dos cursos dos rios Cubango e Cutato estão em mãos de pessoas sem capacidade para alavancar uma produção em grande escala.
Em declarações, ontem, Quarta-feira, à ANGOP, o administrador municipal, Luís Marcelo Ndala, disse que a administração está a fazer um levantamento nas comunas de Galangue e Vicungo, onde há terras na posse de pessoas que não investem.
“Temos muitas terras disponíveis, daí ser preciso que haja responsabilidade, sobretudo, do empresariado que tem os títulos das terras, que devem começar a investir, ou perderão a titularidade, pois o que vai acontecer é que vamos entrar num processo jurídico e desanexar os proprietários, para repassar a investidores sérios”, avisou o administrador.
Segundo conta, o trabalho já começou num contacto entre o gabinete jurídico e intercâmbio, e as comissões de moradores, que têm a vertente de resolver as situações administrativo-jurídicas para entrar num trabalho de profundidade.
Manifestou que o município está aberto a novos investimentos, quer de empresários nacionais, como de estrangeiros, porque há terras e água, assinalando que a agravar a situação, nos últimos cinco anos foram concedidos, para os futuros investidores, mais 15 mil hectares, mas esses terrenos ainda não estão a produzir.
“Temos um país com potencial e pode impor a sua agricultura em África, pois só o Cuvango tem um potencial, sobretudo em recursos hídricos, com dois rios com caudais permanentes e seus afluentes”, ressaltou.
O Cuvango é banhado por dois rios, o Cubango que começa no Planalto Central (Huambo), tem uma extensão de 290 quilómetros e o Cutato, que também nasce no centro de Angola e corre em 198 quilómetros.
Município quer abrangência do Planagrão
Actualmente, dois “grandes” projectos se destacam no município do Cuvango, designadamente o Agrikuvango, iniciado em 2016, com a produção de grãos, instalado em 5 mil hectares, onde de colhem, anualmente, à volta de 10 mil toneladas, assim como a Mumba (50 mil hectares), que, desde 2015, também produz cereais, mas destinados à proteína animal, já que o seu foco é o gado.
O Plano Nacional de Produção de Grãos (Planagrão), que tem como prioridade o Leste do país, é do interesse da administração do município, como disse o seu responsável, Luís Marcelo, daí o esforço em reaver as terras subaproveitadas e repassá-las a investidores capazes.
Segundo o administrador, as potencialidades do município estão à vista, tanto as hídricas, como em terras aráveis, onde existem perto de 300 mil hectares que podem ser desmatados e explorados.
Essas terras aráveis, segundo o gestor, algumas estão ao longo dos rios e devem ser aproveitadas, mas, para isso, é preciso que exista uma política de investimento nacional, porque do ponto de vista municipal e provincial não há capacidade, apelando para a extensão do Planagrão à Huíla.
“Temos de ver aquelas regiões que são tradicionais na produção agrícola, sobretudo, de cereais, para que possamos ter alimentação condigna para a população.
Não falamos só de produção de cereais, mas também de hortícolas e o Cuvango tem essa capacidade”, disse o administrador.
O município do Cuvango dista 356 quilómetros a Leste do Lubango e tem uma população estimada em 103 mil e 262 habitantes, que vivem, sobretudo, da agricultura e da pesca.