A iniciativa visa criar interesse aos jovens pelas línguas locais a partir de um telefone com acesso à internet. O aplicativo contemplou também os turistas e outros estrangeiros falantes do inglês que terão facilidade de aprender o Nyaneka
Texto de: Milton Manaça
Rafael Kalitoco, um dos vencedores da 9ª edição da Feira do Inventor angolano, desenvolveu um aplicativo para estimular os jovens angolanos a ganhar interesse pelo resgate da cultura nacional a partir de um software para aprendizagem da língua Nyaneka.
No software, os utilizadores encontram sistemas facilitados de aprendizagem de palavras e frases, sistema de numeração com a interacção de um amigo virtual que traduz assertivamente todas as palavras colocadas nesta língua nacional. Nesta criação há a junção de textos, som e imagem, sendo que os utilizadores encontrarão no software um dicionário multimédia que lhes permite fazer a consulta em caso de dúvidas.
Na última parte do programa consta um jogo interactivo que auxilia os utentes a testarem os conhecimentos adquiridos. Com esta invenção, Rafael Kalitoco permitiu ao Instituto Superior Politécnico Independente da Huíla, de que é estudante, arrebatar a vitória na categoria de Instituições de Ensino Superior com o projecto “resgate da cultura”.
O inventor angolano disse a OPAÍS que o seu projecto tem como objectivo incentivar outros jovens a ganhar interesse pelas línguas nacionais e a partir de um telefone ou computador com acesso a Internet. “Quase todos os jovens hoje têm um telefone com Internet e acho que se tivermos mecanismos que lhes facilitem aprender teremos mais jovens a falarem línguas nacionais”, disse Rafael.
Turistas contemplados
Os turistas e estrangeiros falantes do inglês que se deslocam aos municípios das províncias da Huíla, Namibe e Cunene, também não foram esquecidos, já que o mesmo aplicativo permite que os estrangeiros também tenham a oportunidade de interagir com a população local.
“O aplicativo traduz as perguntas do inglês para o Nyaneka para que os turistas tenham facilidade em aprender a nossa língua”, disse Rafael Kalitoco. O projecto concebido inclui um retrato histórico do povo Nyaneka em que os hábitos e costumes estão abordados. Rafael Kalitoco disse a este jornal que pretende incluir outras línguas no seu projecto para ajudar no resgate da Cultura nacional.
Outros vencedores
A 9ª edição da feira do inventor premiou ainda Marcolino Canganjo, da província do Huambo, que venceu na categoria freelancer com o projecto “Regulador de trânsito electrónico”, um projecto de semáforos móveis, para serem usados nos locais onde os semáforos fixos estiverem com alguma dificuldade no seu normal funcionamento.
Outra premiada foi Maria Madureira, de Luanda, com o projecto “produção de quadros brancos e sorvete para limpeza de quadros”, enquanto António Afonso, da província do Cuando Cubango, com o projecto “carvão iluminante”.
Na categoria de Instituições de Ensino Geral foi escolhido o Instituto Médio Politécnico do Lobito, com o projecto “produção de gasolina a partir do plástico”. Nesta categoria ficou na segunda posição a escola Rei Livongue do Huambo, com o projecto “ventilador multifuncional”, enquanto em terceiro lugar ficou o Instituto Médio Politécnico do Bengo, com o trabalho “bengala inteligente”. O Instituto Superior Politécnico do Cunene obteve o segundo lugar desta categoria com o projecto “produção de adubos orgânicos”.
A terceira posição foi ocupada pela Universidade Agostinho Neto (UAN), com o projecto “mosquito-war”. Na categoria de Instituições de Investigação Científica foi conquistada pelo Instituto Superior Politécnico de Tecnologia e Ciências (ISPTEC), com o projecto “biotecnologia na destruição do plástico”, secundado pela Universidade Metodista de Angola (UMA), com o trabalho “avaliação insulínica com utilização da moringa”. Participaram na feira 2018 cerca de 120 projectos de 80 expositores das áreas de informática, segurança, electrónica, educação, ciências ambientais, química e electromecânica.
