Editorial: O importante é começar

Editorial: O importante é começar

Dois casos mediáticos ocorreram ontem: a apreensão dos templos da Igreja Universal do Reino de Deus e a condenação dos réus José Filomeno dos Santos ‘Zenu’, ex-presidente do Fundo Soberano, Valter Filipe, antigo governador do Banco Nacional de Angola, Jorge Gaudens Pontes, responsável da Mais Financial e António Bule Samalia.

As catedrais da Igreja Universal, nomeadamente do Alvalade, Viana, Maculusso, FTU, Avenida Fidel de Castro Ruz e outros ficam agora sob responsabilidade do Instituto Nacional para os Assuntos Religiosos (INAR), porque sobre esta igreja pendem fortes acusações de associação criminosa, branqueamento de capitais e outros males, segundo o comunicado da Procuradoria-Geral da República divulgado ontem.

Quanto aos reús ‘Zenu’ Valter, Pontes e Samalia, os crimes de tráfico de influência, burla por defraudação, burla por defraudação continuada e peculato, num processo rocambolesco, cujos contornos suscitarão muitos debates.

O poder que se dizia existir na Igreja Universal do Reino de Deus, supostamente com figuras influentes na sombra, faziam-nos acreditar que dificilmente algum dia se tentasse quebrar as práticas tidas como desonestas e os milagres que serviam de chamariz para alimentar as contas de alguém.

O mesmo se diria em relação aos condenados no famoso caso 500 milhões de dólares norte-americanos. Há pouco tempo, a natureza dos implicados faria com que nem mesmo os juízes tivessem capacidade de ousar convocar para obter uma simples declaração. Mesmo que a apreensão e sentença não satisfaçam muitos angolanos, o que é normal, há uma luz no fundo do túnel de que, cedo ou tarde, a Justiça será para todos.