França acompanha passada da diversificação da economia angolana

França acompanha passada da diversificação da economia angolana

A França é o maior investidor em Angola, logo a seguir aos EUA, sendo o seu maior contributo no ramo dos hidrocarbonetos que tem à cabeça as operações da petrolífera Total Energies. Entretanto, a área agro-alimentar continua a ser a que cria mais postos de trabalho. Já chegaram a ser 15 mil

Actualmente, mais de 70 empresas francesas estão fisicamente presentes no mercado angolano, representando um volume de negócio na ordem dos USD 8 mil milhões, com a ‘fatia de leão’ a ser detida pela Total Energie, por representar quase metade da produção dos hidrocarbonetos angolanos.

O maior produto importado pela França de Angola é o petróleo e em troca exporta para o país manufacturados e bens agro-alimentares. Neste ramo, apesar de ser pouco conhecido, a França é tão-somente o maior fornecedor de trigo a Angola, detendo a quota de cerca de 40% das importações deste produto para o país há quatro anos. As relações de Angola e França datam de há 46 anos, quando Paris reconheceu, em Fevereiro de 1976 (três meses depois do nascimento do novo estado na altura), a independência do país africano.

O embaixador de França em Angola, Daniel Vosgien, em entrevista à Rádio Mais, disse que o país europeu também dá crédito no sector agro-alimentar em Angola com a forte presença do Grupo Castel, onde detém o record de maior empregador francês em solo deste país da SADC com milhares de postos de trabalho criados. O Grupo Castel é o maior na indústria de bebidas em Angola, produzindo mais de 10 marcas, entre elas algumas das mais consumidas e conhecidas do mercado.

Nas suas unidades industriais distribuídas por diferentes pontos de Angola labutam milhares de angolanos, mesmo depois de a pandemia da Covid-19 ter causado danos que ajudou a diminuir alguns dos empregos. A França marca presença também na área de logística, particularmente a marítima, onde a CMA CGM, o terceiro maior do mundo no transporte de carga por via marítima, está presente com operações nos mais importantes portos do sistema portuário angolano.

Há cerca de cinco anos que a França virou o seu engajamento na cooperação bilateral com Angola para os esforços de diversificação da economia que decorrem no país, uma mudança que teve como ponto de partida a visita do Presidente João Lourenço a Paris em 2018, altura em que foram assinados vários acordos de cooperação. Segundo o embaixador, um dos elementos basilares desta mudança é o Acordo de Cooperação Agrícola entre os dois países que está a ser operacionalizado com o Ministério da Agricultura e Pescas.

O diplomata entende que o sector em si não se circunscreve unicamente à agricultura, mas alarga-se a um ecossistema de economia que se estende aos “transportes, comunicação, comercialização, distribuição, cadeias logísticas”, em suma, uma indústria no verdadeiro sentido do conceito. Para ele, Angola é ainda um país que não é muito conhecido pelo público europeu e da França, em particular, que tem uma relação histórica solidificada com os países africanos francófonos, tendência que está a ser invertida pelo presidente Emmanuel Macron.

“O nosso Presidente da República, Emmanuel Macron, aposta agora em considerar todos os países do continente africano no processo de diversificação de parceiros o que o levou a organizar uma cimeira especial África-França no passado mês de Outubro com todas as forças africanas, tendo se registado uma dinâmica assinalável vinda de Angola que participou em todas as mesas-redondas e discussões na cidade de Montpellier, contribuindo para a reflexão entre os dois países e traçar perspectivas para o futuro”, disse o diplomata francês. Daniel Vosgien assegura que na visão do seu governo, “Angola é um parceiro estratégico” e vai continuar na linha de prioridade na aposta da cooperação com o seu país.

A cooperação de França aposta também muito na educação e formação profissional no longo prazo, tomando em atenção as qualificações dos jovens que são essenciais para o desenvolvimento de um país com um forte crescimento demográfico, como é o caso de Angola.

Empregos

Antes da pandemia da Covid-19, 15 mil angolanos estavam empregados em postos criados por empresas e investimentos franceses em Angola. Este número caiu para 10 mil desde o início da pandemia. Actualmente, o incremento de mais postos de trabalho está condicionada à retoma da economia angolana, o que já vai sendo colocado como uma hipótese real.

“Não tenho dúvidas que este número vai aumentar este e o próximo anos”, assegura, optimista, o diplomata francês. Para a França, Angola é uma economia emergente em franca mudança pelo que o país europeu acredita num maior desenvolvimento do país africano. Sonha com o dia em que o país deixará de precisar de ajuda, apostando na cooperação assente na reciprocidade mutuamente vantajosa.

Na visão do diplomata, as perspectivas futuras são promissoras. Existem prospecções do empresariado francês que continuam à procura de possibilidades de investimento e de negócio em solo angolano. Vosgien revelou que em todas as oportunidades que tem com empresários do seu país questionam-lhe sempre sobre “o clima de negócio e as possibilidades existentes no país” ao mesmo tempo que apelam para um acompanhamento mais profícuo das suas presenças e inserção no mercado angolano. Removidas estas barreiras, o diplomata acredita que os negócios entre ambos países terão muito a dar num binómio em que França e Angola, e os seus respectivos povos tirarão benefícios.