Itália autoriza desembarque de 27 adolescentes resgatados por navio humanitário no Mediterrâneo

Itália autoriza desembarque de 27 adolescentes resgatados por navio humanitário no Mediterrâneo

Apenas os adolescentes com menos de 18 anos desacompanhados foram autorizados a deixar a embarcação, que está bloqueada na ilha italiana de Lampedusa há 17 dias; dezenas de imigrantes permanecerão a bordo.

Vinte e sete crianças desacompanhadas foram autorizadas a deixar neste Sábado (17) o navio da ONG espanhola Proactiva Open Arms, que está bloqueado na ilha italiana de Lampedusa há 17 dias. “O desembarque dos 27 menores que não estão acompanhados está autorizado”, postou a ONG Open Arms em uma rede social.

“Eles serão evacuados pela Guarda Costeira de Lampedusa”, acrescentou a ONG, pouco depois de o ministro do Interior de extrema direita da Itália, Matteo Salvini, aceitar o desembarque a contragosto. Ainda numa rede social, a ONG explicou que esperou para comunicar o desembarque, “a fim de tentar garantir a segurança e a serenidade de todas as pessoas a bordo”.

Outras dezenas de migrantes, incluindo adultos e dois menores acompanhados, deverão permanecer embarcados. Neste Sábado (17), a ONG denunciou a situação “explosiva” a bordo do navio. Depois de 16 dias sem poder desembarcar os migrantes resgatados no mar Mediterrâneo, a ONG afirmou que não pode mais garantir a segurança das pessoas que estão a bordo. O fundador da Open Arms, Óscar Camps, publicou um vídeo numa rede social em que classifica de “injustificável” a posição do Governo italiano de não permitir o desembarque do navio espanhol em solo europeu.

A princípio, Salvini respondeu, na manhã de Sábado, que não mudaria de postura. “Em 16 dias já teriam chegado tranquilamente à vossa casa em Espanha. A batalha da ONG é política, não humanitária, jogada sobre a pele dos imigrantes. Vergonha. Eu não me rendo”, afirmou numa rede social.

Horas depois, porém, segundo a agência de notícias France Presse (AFP), Salvini escreveu uma carta ao primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, afirmando que poderia autorizar os “supostos” menores a deixarem o barco, apesar de tal medida “ir contra [as suas] opiniões”. Na Quinta-feira (15), seis países da União Europeia (UE) disseram estar dispostos a acolher migrantes do “Open Arms”.

 Tribunal suspende proibição

Na última Quarta-feira (14), um tribunal na Itália suspendeu uma medida que proibia a entrada do navio em águas italianas. Salvini havia proibido que o navio adentrasse águas nacionais. Após a decisão do tribunal, o político prometeu recorrer e assinar nova proibição. “Cúmplice de traficantes de seres humanos eu nunca serei”, disse.

Celebridades como o ator Richard Gere também pressionaram recentemente Salvini a voltar atrás na decisão, o que não ocorreu. Richard Gere trocou farpas com ministro italiano Matteo Salvini sobre imigração. A questão migratória na Itália, inclusive, é uma das bandeiras de Salvini, que tenta dissolver o Governo e convocar novas eleições após a o fim da coligação entre o seu partido– A Liga – e o Movimento 5 Estrelas. O Open Arms também participou noutras operações em outros países. Em 2018, a embarcação levou 60 migrantes à Espanha após ser rejeitada na Itália.

ONU pede mais “solturas”

O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) pediu na última Terça-feira (13) que governos de países europeus permitam, imediatamente, a entrada de 500 pessoas resgatadas no Mediterrâneo e que ainda estão em navios. De acordo com o órgão, quase 600 pessoas morreram ou desapareceram no Mediterrâneo enquanto faziam a travessia entre a Líbia e a Itália. A União Europeia também pede que os países integrantes do bloco tomem alguma atitude para receber este fluxo. O órgão, entretanto, não tem poder para intervir.