Jovens da Quiçama querem formação técnica e emprego

Jovens da Quiçama querem formação técnica e emprego

Apesar do olhar tímido dos jovens da Quiçama, há vontade de conquista de um futuro melhor paira nos seus corações e tentam atingi-lo por meio da formação. Infelizmente, esta luta tem ido por “água-abaixo” para aqueles que não têm recursos financeiros que lhes permitam custear os estudos fora do município. 

A continuidade dos estudos é feita no único instituto médio de ensino pré-universitário, também conhecido como PUNIV, formação com “muito pouca saída” e que tem levado a que muitos jovens, depois de terminado o médio, continuem sem emprego, caso não consigam uma vaga como professores. 

O cidadão Feliz António é dos que defendem a criação de escolas técnicas e centros de formação técnico-profissional. A juventude local estuda até ao ensino médio, no PUNIV, e para ingressar na universidade tem de ir para a cidade de Luanda. 

“São poucos que ingressaram na universidade. Temos muitas crianças fora do sistema de ensino porque as comunidades estão muito distanciadas e as condições de alojamento dos professores para estes locais são precárias. Daí que alguns professores são colocados nestas áreas e depois de algum tempo arranjam forma de regressarem em Luanda”, disse. Não tem água, acrescentou, não tem energia, sem rede de telefonia móvel, sem infraestruturas sociais, etc. 

Apesar de na comuna sede haver energia eléctrica e água corrente, a energia é de um grupo gerador e algumas vezes tem de ser cortada. Nas outras comunas estes dois bens são difíceis. 

O entrevistado não deixou de falar da necessidade de se arranjar as vias de acesso, já que a circulação entre as cinco comunas é difícil, não apenas pelo facto de as vias não estarem em boas condições, mas também por se encontrarem distantes uma das outras. 

A Muxima é a comuna sede, mas os munícipes vêm-se limitados a chegar às comunas de Demba Chio, Quixinge e Mumbondo, sendo que Cabo Ledo tem a situação minimamente resolvida, porque já tem asfalto. Por isso, defendem que se resolva este problema e o município deixe a depender de ligações de picadas. 

“Há um potencial agrícola em muitas das comunas do nosso município, mas por falta de via de acesso a população tem dificuldades de escoar os produtos, e isso, é claro, também dificulta o desenvolvimento local e combate à pobreza”, acrescentou. 

Ser professor, pescador ou agricultor  

Muitos são os jovens que estão no desemprego que o nosso entrevistado defende que se tivessem feito um curso técnico teriam a vida mais ou menos organizada. Solução: muitos que terminam o PUNIV acabam seguindo carreira de professor, caso consigam algum emprego. O restante está a investir na pesca, agricultura ou como segurança privado. 

Outro jovem, Gouveia Bento, também partilhou da mesma opinião de Feliz António sobre a necessidade de criação de centros de formação, porque o desemprego nessa classe aparece por falta de formação técnico-profissional. 

“Precisamos de cursos de formação de professores, de enfermagem ou medicina, electricidade, canalização, mecânica, entre outros, que ajudem os jovens a encontrar emprego e garantir o sustento da sua família. Muitos têm de sair daqui para outros municípios para conseguirem formação do género”, disse. 

Pelo facto de não terem tais cursos, a maior parte dos funcionários da Administração, segundo ele, vem da cidade de Luanda, pelo que são poucos os jovens da comunidade local que têm oportunidade de emprego no próprio município. “Sobrevivemos de biscates nas lavras e pesca”, reforçou. 

Por último, e não menos importante, o entrevistado também reclamou da falta de centros culturais ou de uma “casa da juventude”, onde os jovens possam desenvolver actividades recreativas ou de laser.