Manuel Teixeira ressalta ascensão no nível do teatro tradicional angolano

Manuel Teixeira ressalta ascensão no nível do teatro tradicional angolano

O actor angolano, Manuel Teixeira, mais conhecido nas lides por Avó Ngola, em entrevista concedida ao jornal OPAÍS, realçou que houve uma clara ascensão no nível da qualidade do teatro tradicional do nosso país, em função do surgimento das escolas de formações académicas e profissionais voltadas às artes, principalmente as do subsistema de ensino médio, tal como superior

Manuel Teixeira realçou que, depois de ter feito parte do corpo de jurado de um concurso de actores em dupla, que terminou no transacto mês, compreendeu que as instituições de ensino artístico-culturais têm ajudado imenso para o desenvolvimento desta modalidade, sobretudo em Luanda, onde há o Instituto Superior de Artes. Entre elogios e surpresas, Avó N´gola confirmou que ficou surpreendido ao ver que inúmeros estudantes, não obstante o nível académico, estão a trazer uma qualidade performática e até mesmo de produção de espectáculos fora de série, sublinhando que tudo é graças ao esforço dos professores que temos na actualidade.

“Eu estive, agora, de júri neste concurso e viu-se que, sem sombras de dúvidas, houve um excelente crescimento. Nasce uma outra qualidade no teatro angolano, notou-se ali o nosso desenvolvimento. Quer em termos de cenário, de representação, de iluminação, de som ou sonoplastia, em tudo isso, notamos uma grande melhoria”, classificou o profissional com décadas de experiências.

Realçou ainda que os professores estão a fazer um bom trabalho, isso pelo facto de todos os concorrentes serem oriundos destas escolas. Que nos últimos anos tem havido mais cursos neste ramo, o que tem impulsionado os grupos de teatros, em função das muitas formações que os encenadores fazem, também por haver escolas superiores.

Empecilho no teatro

Além dos benefícios que este ofício tem ganhado, pelas escolas que nos últimos anos lançam artistas aos palcos, o nosso interlocutor não deixou de fazer um reparo à nova tendência ‘injectada’ ao teatro nacional, que considerou um empecilho ou, sendo mais claro, um atrapalho à arte de representar em Angola.

A título de exemplo fez referência ao novo e mal paradigma que se vai introduzindo às peças teatrais, que dão lugar aos grandes espectáculos, com o surgimento ou a introdução de figuras públicas que não são actores que, nos últimos meses, aparecem em cartazes de estreia.

A fonte realçou que, por um lado, isto é uma vantagem, por atrair novos públicos, todavia também justificou o perigo que esta inovação pode conferir aos grupos tradicionais, isto é: “Trazer figuras públicas para o teatro, é aquilo que se podia dizer ou se diz, é uma falsidade ao nosso teatro, porque ali podemos notar algumas debilidades, quer em termos de representação ou de projecção de voz. Aí vem um outro público, que é o que nós queremos conquistar, só que isso prejudica os grupos tradicionais, que se apresentam em salas mais humildes”, criticou.

Avó N´gola, sendo mais extensivo, acresceu: “Isto faz até mesmo com que o público, por não dominar as regras que nesta arte impera, julguem mal a qualidade de cada obra, somente por se maravilharem com o nível de produção destas novas produtoras, que trazem famosos e uma produção com grande investimento, mas banaliza a qualidade recomendada”.

Mais espaços de teatro

Manuel Teixeira, em forma conclusiva, apelou à criação de espaços convencionais para apresentar-se teatro, em cada localidade, citando, como exemplo, uma na Centralidade do Kilamba e em outros municípios, sendo que Luanda, enquanto província, devesse dispor de uma sala mãe, com capacidade para um espectáculo maior e com um público mais alargado em relação as demais espalhadas pelas artérias.

Rádio Novela “Angola Cuia”

Sobre a emissão da radionovela intitulada “Angola Cuia”, realizada e transmitida pela Rádio Mais, todos os Sábados, na qual o actor integra o elenco, explicou que ao longo destes 7 meses que é emitido, em que elenca alguns membros do Grupo Julu, tem sido muito gratificante, por conta do sucesso e da interacção que têm tido com os ouvintes.

“Muito boa a recepção dos ouvintes, até os de outras províncias, como na Huíla e Benguela, principalmente. Tem vezes até que somos chamados a fazer muitas entrevistas por telefone, a partir destes lugares, porque lá querem muito conhecer os actores desta novela”, sublinhou