Máscaras linguísticas: a luta dos particípio

Quem de nós, mesmo que durante pouquíssimos anos de vida, nunca assistiu à luta dos particípios? Somente se for alguém que “tem olhos, mas não vê”. O regular e o irregular lutam, diariamente, para ver quem mais pontos tem nos usos. Coitados são os TER, HAVER, SER e ESTAR.

Era para que os supracitados fossem moderadores desta palestra.

No entanto, o sujeito-falante tem se mascarado de formas participiais.

Já viram? Forçar portas abridas como se não fossem abertas?

Era necessário que cada um tivesse aceitado os detalhes, incluindo os não aceites pela minoria. Ser grato é ter agradecido, sempre, quando convier.

Como se disse, esta é uma luta em que não se põe a colher, tal qual entre o marido e a mulher.

Se o telemóvel do regular tocar, será atento pelo irregular ou este deve esperar que seja atendido pelo dono?

Parece ser um erro grande usurpar lugares. Por exemplo, o dito deverá ser sempre dito, anulando outras possibilidades.

Se ele havia dizido é com ele.

Cada um com suas máscaras.

Mesmo os órfãos participiais têm sido prendidos, quer dizer, presos. Um deles havia encarregado outro de que o primeira seja encarregue de acudir a luta.

No entanto, o feito estava longe de ser conhecido.

Era como se tivesse visto o João, enquanto o seu amigo estivesse vindo.

Entre o acender a vela, interrogaram-se sobre a ter acendido ou estar acesa mesmo com lâmpada ligadas.

Há lutas mascaradas em nós todos os dias.

O acordar, sustentar o dia apesar dos pesares, talvez, às vezes, ofusque as várias lutas incansáveis.

Uma das capacidades que muito usamos é a da fala. Assim, todos os dias nos comunicamos. Buscamos, desde o amanhecer ao anoitecer, usar a fala para entender e sermos entendidos.

Aqui, como se sabe, milhões de formas participiais ficam à espreita, como se fossem asentinelas.

Entre o uso de um e o outro, ignora-se as regras. Sim, as regras que devem ser de cumprimento obrigatório, mas, quebrá-las, por exemplo, cá entre nós, tem sido mais comum.

Os mascarados não mostram a sua realidade, a sua face, seja porque não querem, seja porque não podem.

No entento, há um sujeito que mascara a si mesmo como a ideia de que ele não seja mascarado, a língua. Se a língua se faz de inocente é porque o sujeito-falante se apresenta como culpado.

O sujeito-falante faz a língua, quer dizer, a mascara e desmascara à chefe e não à líder, como se tem diferenciado.

Contudo, um dia será expulsado ou expulso, matado ou morto, cada um mascara à maneira sua.

Nestas lutas há um juiz, neutro, por sinal, que não partilha da mesma opinião que os demais.

O juiz, a título de exemplo, mostra que entre o cativado e o cativo ninguém é culpado. Assim, mesmo que o manifesto seja manisfestado, nunca deixaria de ser manifesto.

Logo, é mais fácil que o inocente seja isentado e, ao mesmo tempo, isento.

Que lutem noutras paragens. Talvez o que se devia fazer, por ora, é olhar para os motivos da luta mascarada.

Uns apontariam a fama, afinal, todo mundo quer ser famoso mesmo que não reúna as condições para sustentar a fama.

Ou ainda, quer chamar a atenção de alguém, provavelmente do sexo oposto, aliás, diz-se, por aí, que “os opostos atraem-se”.

Po outro lado, o pagado reclama sempre do pago como se o seu abafar fosse imposto por terceiros.

Talvez ele mesmo não se tem deixado guiar pelo sujeito-falante mascarado, que o troca, preferencialmente, pelo pago.

No dia do julgamento eu espero não tomar partido, prefiro estar na posição do árbitro neutro, não emitindo opinião sobre o certo e o errado, mesmo sabendo.

Afinal, defender o certo é visto como arrogância e quem és tu para estar fixo e fixado na arrogância ?

Vamos ainda tentar dar a ideia de que a luta tem extinguido as diferenças, ou seja, que elas, as diferenças, já foram extintas.

És tinta para pintar os outros? Nunca se sabe, como o facto de o nome de apagador se referir ao sujeito ou ao objecto.

Por fim, que fique omisso e omitido tudo o que se quer ocultar.

Oculto ou não é uma luta que acaba hoje.

O nado é mais pacífico que o nascido.

O pagado é menos confusionista que o pago.

Portanto, o rompido e o roto precisam de reparos, quer pelas máscaras, quer pelos danos sofridos!

 

Por: Pedro Justino (Cabalmente)