OMS actualizará orientações após “grande notícia” sobre remédio contra Covid-19

OMS actualizará orientações após “grande notícia” sobre remédio contra Covid-19

Resultados dos testes anunciados, na Terça-feira, mostraram que a dexametasona, usada desde os anos de 1960 para diminuir inflamações de outras doenças, como artrite, reduziu em cerca de um terço as taxas de mortalidade entre pacientes de Covid-19 gravemente doentes e hospitalizados.

A orientação clínica da OMS para o tratamento de pacientes infectados com o novo coronavírus se dirige a médicos e outros profissionais de saúde e almeja usar os dados mais recentes para informar os clínicos gerais sobre a melhor maneira de combater todas as fases da doença, da verificação à alta hospitalar.

Embora os resultados do estudo sobre a dexametasona sejam preliminares, os pesquisadores por trás do projecto disseram que leva a crer que o remédio deveria se tornar um recurso padrão no cuidado de pacientes com casos graves imediatamente.

Em pacientes de Covid-19 com uso de ventiladores, ficou demonstrado que o tratamento reduz a mortalidade em cerca de um terço, e para pacientes que só precisam de oxigénio a mortalidade foi reduzida em cerca de um quinto, de acordo com dados preliminares compartilhados com a OMS.

O benefício só foi visto em pacientes de Covid-19 gravemente doentes e não foi observado em pacientes com uma doença mais amena.

A boa notícia chega no momento em que infecções de coronavírus se aceleraram em alguns locais, como os Estados Unidos, e em que Pequim cancelou dezenas de vôos para ajudar a conter um novo surto na capital chinesa.

“Este é o primeiro tratamento que mostrou reduzir a mortalidade em pacientes com Covid-19 que precisam de oxigénio ou do auxílio de ventilador”, disse o director-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, num comunicado emitido na noite de Terça-feira. “A OMS coordenará uma meta-análise para aprimorar o nosso conhecimento geral desta intervenção.

A orientação clínica da OMS será actualizada para reflectir como e quando o remédio deve ser usado para a Covid-19”, acrescentou a agência.

Mas a principal autoridade de saúde da Coreia do Sul alertou para o abuso do medicamento em pacientes de Covid-19. “(Ele) já é usado há tempos em hospitais sul-coreanos para pacientes com diversas inflamações”, disse Jeong Eun-kyeong, chefe do Centro para Controlo e Prevenção de Doenças da Coreia (KCDC).

“Mas alguns especialistas alertam que o remédio não só reduz a reacção inflamatória nos pacientes, mas também o sistema imunológico, e pode desencadear efeitos colaterais. O KCDC está a debater o seu uso em pacientes com Covid-19.”