Oposição rejeita propostas da CEDEAO para resolução da crise no Mali

Oposição rejeita propostas da CEDEAO para resolução da crise no Mali

O Movimento de 5 de Junho-Mobilização das Forças Patrióticas (M5- RFP) rejeitou propostas da Missão de Mediação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para uma resolução da crise multiforme prevalecente no Mali, apelando aos seus militantes para continuarem mobilizados até à demissão do chefe do Estado maliano, Ibrahim Boubacar Keita.

No termo da sua missão, Domingo, em Bamako, os emissários da organização sub-regional liderados pelo ex-Presidente nigeriano, Goodluck Jonathan, fizeram uma série de recomendações, nomeadamente a constituição dum Governo de União Nacional e a instalação rápida dum Tribunal Constitucional de seis membros, como início da solução para a crise sócio-política prevalecente no Mali.

As propostas da CEDEAO foram rejeitadas pelo M5-RFP que continua a reclamar pela demissão do Presidente Ibrahim Boubacar Keita e do seu regime, “culpados da má governação e da má gestão” da grave crise do país.

À delegação da CEDEAO, a oposição também pediu a abertura prioritária e imediata de inquéritos judiciais com vista a acções judiciais contra os autores, patrocinadores e cúmplices dos massacres de 23 pessoas a tiro, e de centenas de outras baleadas, bem como de outros crimes cometidos, bem como a libertação de Soumaila Cissé, líder da oposição”.

Manifestantes contra o Presidente maliano deploram o facto de a CEDEAO ter considerado a demissão do Presidente da República como uma “linha vermelha intransponível.”

“Foi com surpresa que o M5-RFP constata que a CEDEAO, suposta incumbida de encontrar soluções para a crise com o respeito pela Constituição maliana, procedeu a arranjos que violam precisamente esta referida lei fundamental, e que não consideram o contexto sóciopolítico nem riscos maiores que a governação de Ibrahima Boubacar Keita faz pairar sobre a existência mesma do Mali enquanto nação, República e Democracia”, indignou-se o movimento num comunicado.

Sexta-feira última, 10 de Julho, e nos dias seguintes, em resposta ao apelo do M5-RFP para acções de desobediência civil, vários milhares de manifestantes em Bamako saíram às ruas para reclamar pela demissão do Presidente Keita.

Durante manifestações, a Assembleia Nacional e a Radiodifusão Televisão do Mali (ORTM) foram saqueados parcialmente e estradas a ela conducentes bloqueadas. Confrontos entre os manifestantes e as forças da ordem fizeram pelo menos 11 mortos e mais de 120 feridos entre os participantes, de acordo com fontes hospitalares. Porém, o M5-RFP defende que o balanço é de 23 mortos e mais de 150 feridos.