A Comissão de Reforma da IURD, liderada pelo bispo Valente Bizerra Luís, reclama agora legitimidade para representar a instituição em Angola nos vários organismos como junto dos órgãos judiciais, Serviço de Investigação Criminal, Procuradoria Geral da República (PGR) e outras associações civis públicas ou privadas.
A acta publicada em Diário da República confere poderes à Comissão de Reforma para gerir todos os programas eclesiásticos e publicidades em estações televisivas, radiofónicas, imprensa escrita e nas plataformas digitais.
Os reformistas reclamam, a partir deste momento, a legitimidade para negociar, receber bens, meios e serviços conexos da IURD, bastando, para o efeito, apenas a assinatura de três membros do corpo da referida comissão.
Assim sendo, fica interdita qualquer procuração assinada pelo presidente do Conselho de Direcção bispo António Silva e dá-se por findo o serviço eclesiástico dos missionários brasileiros nas 18 províncias do país.
A direcção dirigida pelo brasileiro Honorilton Gonçalves, por supostas violações sistemáticas dos estatutos da IURD e vários crimes de que é acusada, como a imposição da vasectomia, discriminação racial, privação aos pastores e suas esposas no acesso à formação académica e científica, entre outros crimes, foi afastada.
A “nova” igreja
Nesta Sexta-feira, 31 de Julho, em conferência de imprensa, a Comissão de Reforma apresentou oficialmente a coordenação da nova gestão chefiada pelo bispo Valente Luís, que, no prazo de 90 dias, deve convocar e realizar a Assembleia Geral Ordinária para a eleição dos órgãos sociais da IURD.
Valente Luís promete liderar uma igreja voltada à reconciliação entre os irmãos, incluindo os da ala brasileira que se mostrarem dispostos a aderir à nova realidade da Universal em Angola.
Aliás, garantiu que existem pastores brasileiros que já aderiram ao movimento reformista e serão apresentados brevemente.
“Não estamos contra a igreja. Estamos contra as práticas que ao longo destes anos foram cometidas pela liderança brasileira. Por isso, a reforma em Angola é um facto”, disse Valente Luís. Avançou oficialmente uma ruptura com o fundador da IURD, sobre quem se referiu como “nosso ex-líder”, tendo-se mostrado descontente com a posição de Edir Macedo, que aparece num vídeo a amaldiçoar os pastores angolanos e as suas descendências.
Disse que Edir Macedo foi infeliz na sua postura e tomou uma decisão errada como pai e líder, por ter ouvido apenas um lado do problema. “Para nós, ele amaldiçoou todo o povo angolano naquele live”. Entretanto acrescentou que os pastores nacionais e estrangeiros são e serão sempre bem-vindos, caso optem por estar com a Comissão de Reforma.
Projectos sociais
O novo líder da IURD promete ajudar o Executivo, particularmente no sector social, com a construção de escolas e hospitais, realçando que quer ter uma Universal parceira do Estado nesta nova fase.
Valente Luís disse que o manifesto iniciado pelos pastores angolanos tem apenas como objectivo repor a justiça na Universal e que agora todos os templos pertencem à Universal.
Processo continua na PGR
O advogado da IURD, Arão Gomes, disse que, a apesar da “legitimidade” que o Diário da República lhes confere, o processo continuará a seguir o seu percurso normal na PGR, face a gravidade dos crimes avançadas na queixa.
“Há casos que estão em segredo de justiça e vão continuar na PGR”, disse. Arão Gomes acrescentou que o Diário da República não anula os crimes supostamente cometidos pela ala brasileira.