Realização de autarquias em 2020 divide opiniões de partidos políticos

Realização de autarquias em 2020 divide opiniões de partidos políticos

Reagindo ao pronunciamento de organismos nacionais ligados a processos eleitorais angolanos, como é o Observatório Eleitoral Angolano (ObEA), que defendeu recentemente o adiamento das eleições para 2022, devido ao aumento de casos positivos da Covid-19, o MPLA reafirma que elas podem ocorrer ainda este ano, caso sejam convocadas.

O seu porta-voz, Albino Carlos, assegurou que até ao momento não há indicações contrárias que falem sobre um eventual adiamento, e o seu partido, que sustenta o Governo, continua a preparar-se para participar e vencê-las.

Em declarações a OPAÍS, Albino Carlos explicou que a convocação e a consequente realização das eleições autárquicas, previstas para o ano em curso, não depende do seu partido, mas de quem tem a competência para o fazer, “tendo sempre em conta os interesses do povo angolano”, sublinhou.

O responsável informou que a grande preocupação do seu partido, neste momento, é o combate contra a Covid-19, em todo o país, para evitar que um grande número de pessoas possam ser infectadas.

Destacou que, desde Março, o seu partido está empenhado na criação de condições no sentido de minimizar as dificuldades e os efeitos da pandemia nas famílias mais vulneráveis.

Para além de concentrar as atenções nesta batalha contra o novo Coronavírus, o seu partido está também a procurar as melhores soluções para enfrentar a crise económico-financeira causada pela pandemia.

Entretanto, apesar da Covid- 19, Albino Carlos reafirmou que o seu partido continua a cumprir a sua agenda política em todo o país, sobretudo no que concerne à preparação e à participação nas eleições autárquicas, nas quais espera alcançar bons resultados.

“Uma vez que forem convocadas, estaremos melhor preparados para enfrentar este novo desafio”, afirmou.

Pandemia não deve impedir eleições

Por sua vez, o presidente do Grupo Parlamentar da CASACE, Alexandre Sebastião André, diz que o Coronavírus não pode impedir a realização das eleições autárquicas, pelo que deve haver vontade política de quem decide para convocá-las.

Alexandre Sebastião defende que o Governo deve criar as condições necessárias de biosegurança, e avançar com o processo, pelo facto de a sua realização ser um acto de dimensão nacional.

“Se em Luanda tem o problema de contaminação, não pode condicionar o arranque das autarquias noutras províncias”, diz, comparando que houve países europeus e africanos que realizaram eleições mesmo com a pandemia da Covid-19.

O político entende que se o Governo está a criar condições para a reabertura das escolas, também deve fazê-lo para a realização de eleições autárquicas em todo o país.

Em função da subida vertiginosa de casos positivos, bem como de mortes, em finais de Junho, a fonte deste jornal aponta que as eleições autárquicas devem ser realizadas em 16 das 18 províncias, com excepção das províncias de Luanda e do Cuanza-Norte, onde se registam casos positivos desta pandemia.

“Compreendemos que neste Estado de Calamidade os casos subiram, mas isto não pode parar o país, e o Governo tem de criar condições para se efectivar as eleições”, reiterou.

PRS mais moderado

A quarta força política do país na Assembleia Nacional, embora defenda também a realização das eleições autárquicas, pede ponderação, numa altura em que o país soma mais casos positivos, que resultaram já em 21 mortes.

O seu secretário-geral, Rui Malopa Miguel, defende que a Assembleia Nacional deve concluir a discussão sobre o Pacote Legislativo Autárquico e, seguidamente, pensar-se numa eventual convocação das eleições autárquicas.

A UNITA, como se diz nos círculos políticos, parece a mais interessada em ver implementado o processo autárquico, uma ideia defendida por unanimidade pelos seus membros, com realce para Raul Danda e Liberty Chiyaka, este último actual presidente do seu grupo parlamentar, em recentes declarações à imprensa, no final de uma reunião de líderes dos grupos parlamentares.

Adiar autarquias para 2021

Para o porta-voz da FNLA, Jerónimo Makana, o seu partido defende o adiamento das eleições autárquicas para o próximo ano, alegando que o país não tem condições para albergar um acto de grande dimensão como são as autarquias, em função da falta de condições de bio-segurança suficientes para fazer face à Covid-19.

“Não é possível que haja eleições autárquicas enquanto que o país vive com esta pandemia que exige de nós muito cuidado”, resumiu o jovem político.

Maria Miranda Cassule