Teletrabalho triplica riscos de ataques cibernéticos contra as empresas nos últimos meses

Teletrabalho triplica riscos de ataques cibernéticos contra as empresas nos últimos meses

Segundo o perito em tecnologia de informação e director executivo da SecurGroup, Henda Pereira, os criminosos estão a aproveitar-se da crise da pandemia de Covid-19 para continuar a realizar diversos tipos de ataques.

Para o responsável, que falava ontem em exclusivo a OPAÍS à propósito da conferência sobre “Cibersegurança pós Covid-19 “ o estado actual das empresas angolanas em relação aos crimes cibernéticos é muito crítico, tendo em conta que muitas empresas carecem de colaboradores bem treinados e de técnicos devidamente preparados para identificar, classificar, analisar e responder possíveis crimes.

“Os ciber-criminosos estão a explorar um número crescente de vectores de ataque, já que um número maior de empregadores instituiu o teletrabalho e permite conexões com os sistemas das suas organizações”, disse.

Referiu ainda que, em relação aos anos anteriores, é ‘gritante’ a diferença pelo facto de o número de usuários de Internet ter aumentado consideravelmente e, por outro lado, muitas empresas estão a sair, cada vez mais, do mundo tradicional e emigrar para o digital.

O também director executivo da SecurGrupo disse ainda que Angola, assim como qualquer outro país, é vulnerável a esses ataques, pois os ciber-criminosos procuram países e regiões economicamente desfavorecidos, onde a legislação relacionada ao ciber-crime não é promulgada ou não é aplicada de forma consistente.

Por sua vez, a líder do gabinete jurídico da Angola Cables, Nádia Ribeiro, disse durante a conferência que a Covid-19 acabou por revelar-se num vírus com impacto não só no mundo físico, mas, também, no mundo digital. E isso, manifesta-se, sobretudo, na forma de trabalhar das pessoas, uma vez que começamos a fazer a utilização massiva do teletrabalho.

“Portanto, temos muito mais pessoas a trabalhar a partir de casa, que utilizam sistemas de serviço de recepção de Internet que não possuem o mesmo tipo de segurança que podemos encontrar num ambiente corporativo”, exemplificou.

Para ela, quando se fala das Tic’s nunca devemos deixar de parte o tema da ciber-segurança, pois existem diversas falhas e o mundo da Internet assistiu a uma rápida explosão e a massificação deste meio foi acompanhada da adopcão de várias medidas.

Segundo a responsável, o tema da cibersegurança tem vindo a revestir-se cada vez mais e com maior importância nos últimos anos, dada a fragilidade da Internet nesta matéria.

Uma das principais falhas na segurança da informação é o ser humano, e, em evidência disto, os estudos publicados nos últimos meses, demostrarem que no âmbito da pandemia de Covid-19 e na implementação das medidas de distanciamento social, a alteração no processo de negócio, tudo isso veio revelar a fragilidade das próprias estruturas tecnológicas das empresas.

Ao nível de ataques às infraestruturas de empresas aumentou exponencialmente durante este período, e em África o cenário não foi diferente.

Sublinhou ainda que por força do contacto sócio-económico muitos países africanos deixaram de fazer os investimentos que deveriam ser feitos na resiliência das suas infra-estruturas,. Portanto, passaram a estar muito mais expostos aos ataques cibernéticos no actual contexto.

“Neste momento, todos os continentes estão em posição de igualdade e expostos, na mesma proporção, aos perigos da cibersegurança”, disse.

De acordo com a gestora, foi por este facto que a Angola Cable sugeriu o respectivo tema para a conferência.

A IIª conferência deste ciclo foi realizada pela multinacional Angola Cables e a Associação Internacional das Comunicações de Expressão Portuguesa (AICEP) e teve como objectivo alertar os países de língua portuguesa sobre este risco.

Durante dois dias, a conferência contou com diferentes temas e vários oradores nacionais e estrangeiros.

Sobre a Angola Cables

A Angola Cables é uma multinacional do sector das TIC´s com soluções diferenciadas de conectividade para o segmento wholesale e corporate. Com uma infra-estrutura de transporte robusta e rede IP altamente interconectada a Angola Cables providencia acesso aos maiores IXP´s, Operadores Tier 1 e Provedores de conteúdos globais.