Zecamutchima e pares começam a ser julgados hoje no Dundo

Zecamutchima e pares começam a ser julgados hoje no Dundo

O julgamento dos réus do “Caso Cafunfu” começa hoje, a partir das 9 horas, no Tribunal Provincial da Lunda- Norte, com sede no Dundo, capital desta circunscrição

Dos 20 réus acusados inicialmente pelo Ministério Público, apenas 15 far-se-ão presentes para julgamento, sendo que cinco faleceram, por doença, na Unidade Penitenciária da Cacanda, arredores do Dundo, devido às péssimas condições de acomodação, segundo contou a OPAÍS o advogado de defesa, Salvador Freire.

Deste número, faz parte o presidente do auto-denominado Movimento Protectorado Tchokwe (MPT), José(Zeca) Camutchima, que seguiu apenas ontem para o Dundo.

Segundo o advogado, Zeca Camutchima, depois de ter sido detido em Fevereiro do ano passado pelo Serviço de Investigação Criminal (SIC-geral), em Luanda, a pedido da sua congénere da Lunda- Norte, permaneceu nos calabouços, na capital do país, até no dia em que foi transferido para juntar-se aos seus correligionários.

Salvador Freire informou que apesar de estar presente para ser ouvido em tribunal, o seu constituinte não goza de uma boa saúde, decorrente de alegados maus-tratos que terá sofrido na cela em Luanda.

“Mesmo assim, doente, ele preferiu comparecer em tribunal para se defender das acusações em que ele e os seus companheiros são acusados”, disse.

Apesar do número de réus, avançou que por dificuldades financeiras para custear as despesas dos bilhetes de avião, hospedagem e alimentação, ele é o único que se deslocou àquela cidade para acompanhar o caso.

Entretanto, o advogado mostrou- se confiante que o tribunal vai absolver os seus constituintes, alegando terem sido detidos injustamente por crimes que não terão cometido.

Em conversa com OPAÍS, a partir do Dundo, Salvador Freire desmentiu, por outro lado, acusações avançadas pelo Ministério Público que aponta Zeca Camtuchima como sendo o cérebro dos funestos acontecimentos de Cafunfu, e lhe foram imputados os crimes de rebelião armada, associação de malfeitores e outros.

Numa entrevista concedida a OPAÍS, no ano passado, aquando destes acontecimentos, tal como agora, Salvador Freire refutou todas as acusações que pendem contra o seu cliente, dizendo não corresponder à verdade, sustentando que Zeca Camutchima desmente ter orientado que os membros do Protectorado atacassem a esquadra policial de Cafunfu.

Reforçou que, apesar de ter nascido na vizinha província da Lunda Sul, o seu cliente não conhece a vila mineira de Cafunfu, onde ocorreram os acontecimentos, realçando que o mesmo tem o seu escritório em Luanda.

Reportando ainda declarações de Zeca Camutchima, Salvador Freire acrescentou que ele desconhece também os mentores do aludido ataque à esquadra policial, avançando que o objectivo do Protectorado era apenas realizar uma manifestação pacífica junto à Administração local, para reivindicar o melhoramento das condições sociais das populações da região do Cuango, em geral.

A história dos acontecimentos

Segundo um comunicado do Comando Provincial da Lunda Norte da Polícia Nacional, na madrugada do dia 30 de Janeiro de 2021, na vila de Cafunfu, município do Cuango, um grupo de cidadãos do Movimento Protectordo Tchokwe (MPPT) estimado em mais de 300 homens, munidos de armas, envolveu-se em confronto com as forças de defesa e segurança, que resultou em seis mortes entre os membros do Protectorado.

Segundo o comunicado, o grupo tentou atacar a esquadra da Polícia Nacional, em Cafunfu, para subverter a ordem instituída, sob protesto de manifestação para reivindicar as péssimas condições sociais por que passa a população daquela região.